quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

O dia que eu resolvi emagrecer.

Bem, essa menina da foto sou eu. E quem me vê assim, não imagina eu fui obesa.



Minha história de gordinha deu início após a perda do meu pai. Na época eu tinha 7 anos de idade, e como refugio pela perda dele, descontava na comida... Eu só comia, comia e comia.

Aos poucos fui desenvolvendo a obesidade. Engorda aqui, engorda acolá... Vai crescendo, vai se tornando motivo de piada (hoje caracterizado como bullying). Aí você fica para trás, porque ninguém te quer. Suas amigas magras, lindas,  com roupa da moda, ficando com um carinha aqui e outro ali... E a gordinha? Bem, a gordinha é gorda! Namorá-la?! Nem pensar!

E os apelidos? Nossas esses foram muitos...

Baleia, Orca,  tive um apelido que eu não suportava "NANANA" (Tosco, mas eu não gostava kkkkk) e muitos outros. O mais marcante foi Willy- Na época eu fazia natação e toda fez que eu ia pular na piscina era a seguinte situação:





E onde fica a auto estima, o amor próprio?!
Bem, aos 15 anos eu nem sabia ao certo o que era isso. Eu só pensava em ser aceita, em ser bonita, em namorar, em vestir roupas de magrinha ou pelo menos que os meninos me olhassem. Infelizmente, a adolescência é a fase crucial que definirá o adulto que seremos. Nesse caso, eu tinha duas opções:
1- Me rendia a uma deprê;
2- Resolvia me aceitar e me amar.

Eu passei pelas duas fases. kkkkk

Bem, minha mãe sempre tentou me ajudar. Me levava em nutricionista, pagava academia,mas nada surtia efeito. Na escola eu fazia dança, educação física, natação e o que acontecia???
Nada, nada e nada.

Aos 15 anos de idade cheguei aos meus 85 kg ou 90 kg quase, o que era péssimo, pois sempre fui baixinha. Então, a tortura era ainda maior. Era médico diagnosticando que eu era Obesa tipo I e aconselhando a minha mãe a me fazer participar da equipe dos adolescentes obesos na Santa Casa. Fui uma única vez e não voltei. Aquilo me fazia lembrar que eu tinha que emagrecer de qualquer forma, ou seja, me oprimia. (Deve ter funcionado para muitas pessoas, porém para mim, surtiu efeito contrário).

Minha mãe nunca me obrigou a ir, então desistir foi fácil. kkkkkk

Bem, saber que eu era obesa, eu sabia. Saber que eu não queria mais ser obesa, eu também sabia. Só que eu tinha feito de tudo e não emagrecia. Resolvi me conformar (Leia-se Conformar e não aceitar).


Porém, aos 17 anos, pesando uns 78 kg, acordei decidida a emagrecer.

Aí você achará que vai escutar uma super história que eu fui na academia, fiz dieta, acompanhamento com profissionais, comecei a comer direito...Pois bem não fiz nada disso!

Descobri uma tal de ração humana e comecei a tomar, percebi que tinha perdido uns quilos. Gradativamente fui parando de me alimentar. Vivia de ração humana. Coloquei na cabeça que morrer de fome eu não iria, porque tinha muita gordura; que viveria de água.

Emagrecia 1 kg por dia.

Minha mãe nessa época trabalhava de noite e de dia dormia, então no começo ela não notou as minhas loucuras.

Você deve estar pensando "caramba, agora que ela estava emagrecendo a auto estima aumentou". Pois bem, foi ao contrário. Emagreci em 2 ou 3 meses cerca de 10 kg. Me olhava no espelho e me via obesa, sedenta a emagrecer mais. Minha paranoia me levou aos 58 kg.

Desenvolvi o que os profissionais da saúde nomeiam de Distúrbio de imagem.  Ou seja, eu estava magra e não conseguia enxergar, minha imagem era distorcida. Só me via gorda e com necessidade de emagrecer.
Adquiri, nesse período, anemia. Tomei remédios para poder controlá-la e virei refém da minha imagem. Coloquei na cabeça que tudo que eu queria comer eu já tinha comido,  que só precisava emagrecer.
Todos os dias eu pesava para controlar as gramas que eu poderia ter engordado com a comida que minha mãe me obrigava a comer. Depois que ela descobriu o que eu estava fazendo.

Nesse período namorei, entrei em lojas de roupa, cheguei a usar tamanho 38. Não me sentia gostosa, mas sentia que tinha conseguido mostrar ao mundo que eu tinha emagrecido. E o mundo? Bem, o mundo cagou para mim. kkkkkk

Me privava de comer e de beber para não engordar e, por um longo tempo foi assim.

Nos meus relacionamentos eu não era feliz. Meu problema de auto estima me afetava e afetava eles. Muita coisa mudou quando fui traída pela primeira vez.

Minha mãe notou que meu problema estava na auto estima e me convidou a fazer um curso de sensualidade e auto estima com a Nelma Penteado. Depois daquele curso comecei a ver meu valor, a me sentir um diamante, a ver minha beleza e capacidade.

Porém, problemas com auto estima vem e vai até a próxima decepção... Aí juntou tudo, problemas com a família, auto estima baixa, estresse de faculdade, meu relacionamento atual estava também indo por água baixo e foi quando meu noivo me pediu para fazer terapia.

Bem, em suma, fiz terapia por 3 anos para entender que não precisamos provar nada a ninguém. Fiz terapia para aceitar a morte de meu pai, fiz terapia para me ver como eu realmente sou, fiz terapia para me amar.

Hoje, tenho 60 kg, entendo que meu peso é esse. Visto número 40 a 42 (já vesti 48/50). Entendo que meu biotipo é ter pernão e quadris largos e que minha cintura é fina. Que meu peso vai variar se eu me descuidar, mas não fico presa a não comer o que eu quero e sinto vontade. Hoje eu como com prazer. Faço atividade física, me policio quando passo do peso normal e quando necessário faço dieta recomendada por nutricionista. (Mesmo porque sou proibida de engordar devido meus problemas de coluna).

Hoje fico bem perante o espelho, enxergo meu valor e me aceito. Mas isso, não quer dizer que eu não irei me cuidar mais. Ao contrário, me cuido sim! Faço tratamento estético e faço hidroginástica. Não para provar nada a ninguém, mas sim, para me sentir mais bonita e amada pela pessoa mais importante... eu mesma!

Quando nos valorizamos o mundo nos valoriza também. Nós mostramos ao mundo o que o nós vemos. E, se só vemos defeitos em nós mesmos, o mundo só verá isso também.

O que eu posso falar para todos vocês?

1- Não faça regimes malucos;
2- Não emagreça por causa dos outros, emagreça por que você quer, porque você ficará bem com você mesmo;
3- O mundo está cagando para nós, cague para o mundo;
4- Não se limite a entrar numa loja só por que seu manequim não é 36 ou 38. Entre na loja e se acaso não tiver seu número não se sinta mal, procure uma loja mais bacana ainda;
5- Quem te ama, ama como você é. Para namorar não importa o número que você veste, mas sim, amar e respeitar;
6-  Não siga padrões midiáticos, nem eles sabem o que realmente é um padrão de beleza;
7- Seja feliz;
8- Se ame;
9- Valorize o que você tem de melhor;
10- Se elogie;
11- Viva.
12- "Descubra quem você é e seja de propósito"- Não tenha medo do que as pessoas acham de você!

Se me arrependo do que eu fiz?

Não, porque tudo na vida é experiência e se torna sabedoria. Não recomendo a ninguém fazer as loucuras que eu fiz, só eu sei o quanto me prejudiquei e coloquei minha vida em risco. Mas, se não fosse essas loucuras hoje não estaria aqui contando essa história para vocês.

Segue minhas fotinhos de como eu era e como eu estou:





Bem é isso, beijitos.

2 comentários:

  1. Tha.
    Linda a sua história de superação... Eu já te admirava antes de lê-la, agora a admiro ainda mais!
    Admiro também pela coragem em expor sua vida e sua imagem nestas palavras. Mas a admiro pela atitude tanto nos teus atos, quanto a importância e o benefício que isso pode causar a tantas outras pessoas, que hoje possam se reconhecer na tua experiência e aprender com ela!
    Sua beleza nunca esteve apenas neste rosto bonito que Deus lhe deu!!
    E sim na essência do teu coração!

    Felicidades, beijos e saudades!
    Te adoro!

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    1. Obrigado Dri pelas palavras, que sei que sempre foram sinceras.
      Eu tbm te adoro.
      Beijos com saudade.

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