sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Abortar ou não abortar?

Como todos sabem, mesmo que por cima, estamos lidando com grandes problemas relacionados a dengue e o vírus da Zyca, sendo uma doença de caráter global. 
Sabemos, pelos relatos, que esse vírus tem causado a microcefalia, uma doença que tem afetado o feto e causado danos a sua formação. De acordo com o site, Tua saúde, microcefalia é:
"A microcefalia é uma doença em que a cabeça e o cérebro das crianças são menores que o normal para a sua idade, o que prejudica o seu desenvolvimento mental, porque os ossos da cabeça, que ao nascimento estão separados, se unem muito cedo, impedindo que o cérebro cresça e desenvolva suas capacidades normalmente." (BELTRAME, 2016)

Para quem tem acompanhado os noticiários, está ciente que o governo quer legalizar o aborto para as mãe que foram contaminadas pelo vírus, a fim de não gerar uma criança com esse tipo de deficiência. Como sabem, a prática do aborto é crime previsto pelo artigo 124 do Código Penal. Então, para as mamães afetadas pelo vírus, que tem diagnosticado que seu feto está com microcefalia, elas tem o poder de escolha de dar a luz, ou não, para esse bebê.

É de grande valia, ressaltar, que essa atitude do governo, não são ações que visão preservar o bem estar e a saúde da mamãe ou bebê, muito menos pela felicidade da nação. Essa atitude se deve a falta de informação e a incompetência dos nossos governantes de como tratar essa doença gerada pelo vírus da Zyca, pela incapacidade de programas que otimizem a prevenção, a exterminação do mosquito e pela falta de programas eficientes de saneamentos básicos, de educação populacional de como evitar e combater o mosquito e de suportes básicos e eficientes nas unidades de saúde para tratar as doenças. A legalização do aborto, para esses casos, só serve como válvula de escape para "amenizar" a incompetência do nosso governo.

Em entrevista, o Bispo Dom Odilo, fala sobre o aborto de fetos com microcefalia. Sabemos que a igreja católica é, e sempre foi contra o ato do aborto, e legalizar esse ato, mesmo que por motivos de doenças, vai contra os ideais e convicções da igreja católica. O bispo, vai em defensoria as ideologias cristãs, e relata que a legalização do aborto em casos de microcefalia favorece a eugenia (a melhor definição para esse termo é de "bem nascidos, ou seja, crianças que nascem perfeitas). Segue entrevista:

“Se a humanidade se orientar por acolher, por privilegiar somente os que são saudáveis, fortes e poderosos, nós estaremos nos encaminhando para uma sociedade que se orienta pela eugenia”, foram as palavras ditas pelo Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Scherer, em entrevista à BBC Brasil sobre o aborto em casos de microcefalia, que poderiam estar relacionados à epidemia de Zika vírus. (REDAÇÃO CENTRAL, 05 Fev. 16)

Agora depois de toda essa explicação vou colocar meu ponto de vista. Para quem me conhece sabe que detesto discutir assuntos como religião e política. Acredito que são temas subjetivos que dependerão do ponto de vista de cada um. Porém, em tempos de crise, acompanhando os noticiários não pude me calar em meio dessa questão. 

Primeiramente, gostaria de falar que sou católica e como uma boa cristã, devo respeitar as doutrinas de minha igreja. Então, sendo assim, sou contra o aborto. Mas a questão é: Como serei contra o aborto na sociedade e no atual contexto de "mundo" que vivo?

Então, quer dizer que eu sou a favor do aborto? Teoricamente, sim!

Mas explicarei, ou tentarei, colocar para vocês o meu ponto de vista. Em uma sociedade em que a liberdade, a igualdade, a justiça, o caráter e o respeito são de principal ordem para aquele país, em que a sociedade trabalha em pró ao bem comum, em que a felicidade e o bem da nação são de importância a todos; em que o homem, de família, assuma seus atos, ou seja, fez o filho, assumirá e o amará. Em que haja empregos e moradias dignas e educação para você sustentar o seu filho, com o mínimo de conhecimentos para que ele possa se desenvolver. Em que as organizações de saúde tenham suporte para atender as necessidades básicas para uma mãe gerar e cuidar do seu filho, sendo ele deficiente, ou não. Em que uma mãe possa amamentar em lugares e vias públicas sem o direito se serem julgadas e criticadas, e assim por diante... Sim, nesse contexto eu sou contra o aborto. Como pode, uma mãe, tento todas as condições possíveis de gerar um filho, com todo o tipo de suporte e estrutura, do governo, da família, querer tirar uma vida inocente? Aí, sim, eu não me conformo e sou, piamente, contra o aborto.

Agora, vamos falar na nossa real sociedade. As questões são:

Temos emprego de qualidade?
Quantas pessoas ficam desempregada por muito e muito tempo, sem condições de comprar se quer um pão para tomar café. Como essa pessoa pode gerar um filho, sem condições de colocar comida a mesa? Como vai sustentá-lo se nem a si próprio consegue alimentar?

Temos saúde de qualidade?
Quantas vezes já vi mães e, até pais, correndo com seus filhos de hospitais a hospitais para encontrar médicos clínicos ou pediatras e, quando os encontra, tem que enfrentar horas de espera e filas enormes para serem atendidos. Isso, quando não falta medicamentos e materiais nas unidades de saúde.

Temos educação de qualidade?
Mães querendo matricular seus filhos, sem êxito pois não tem vagas. Pais e mães encarando filas, fazendo cabanas em frente as escolas para poder matricular os filhos em uma escola que carecem de falta de condições básicas. Materiais para professores trabalhar, falta de professores para lecionar e dentre outros.

Será que temos uma sociedade que assume o que faz?
O enredo da história é o mesmo. Maria ama João. Maria dorme com João, por amor, por querer ter uma família. Maria sonha em se casar. João, faz um filho em Maria. João não quer nada com maria, muito menos casar. João decide sumir no mundo. Maria, se desespera, pois terá um filho de João. Mas, como Maria irá sustentar o filho? Maria não conseguiu nem completar o ensino médio. Maria, nem tem um emprego decente. Maria pensa na vida que sonhava com João... Que tinha um emprego bom, na casa que eles morariam... Pois é Maria, você agora é Mãe, solteira, desempregada, sem moradia. Mas é lógico que o governo irá ajudar, né? 
Pois bem, Maria, na crise que vivemos você é mais uma entre várias outras mães solteiras, que o pai "abortou" essa vida de responsabilidades. 

Será que temos condições de moradia?
Quantas pessoas entram em programas sociais para conseguir a tão sonhada casa própria e passam anos e anos, nesses programas. Quantas pessoas trabalham e juntam aquele suado dinheiro para conseguir dar entrada no imóvel e não conseguem devido as condições de pagamento serem elevadíssimas. Quantas pessoas tem seu FGTS redito e as vezes nem conseguem resgatá-lo para conseguir comprar algo que tanto sonhou...Opção, viver de aluguel e aguentar as variações e reajustes que esses imóveis tem.

Será que o salário, e os preços das coisas que iremos adquirir são justos?
Nesses últimos meses, todos observamos o reajuste do salário mínimo e o aumento das contas de água, luz, alimentos, gasolina. O dinheiro que eu comprava 10 pães a seis meses atrás, hoje eu compro, dependendo do lugar, 6. Como me manter com um salário que só poderei pagar contas e não poderei colocar o que comer na mesa?

Essas e outras inúmeras questões são presentes no nosso dia a dia. Infelizmente, a sociedade que eu descrevi justa, respeitosa, de caráter, que preza a liberdade, a igualdade se tornaram utopias. Como uma mãe pode dar a luz a uma criança, sendo ela normal ou deficiente, sem o mínimo de condições básicas. A história de Maria está mais presente na nossa sociedade, tornando- se algo normal. Quantas são as mulheres abandonadas com seus filhos, por seus respectivos conjugues, que não querem assumir a criança, o casamento e a responsabilidade de ser pai. 
Quantas dessas mães são realmente assistidas quando precisam de um emprego para sustentar esse filho, ou quando precisam levá-los ao médico. 

Será que o governo tem dado condições básicas para que essas crianças venham ao mundo e tenham uma vida digna? 
Porque essas mães não tem o direito de escolher se querem ou não ter esse filho? 
Claro, que se essa mãe tiver condições de sustentar esse filho, sem passar dificuldades, penso que ela deva ter sim esse filho. Mas e as que não tem?!
Geralmente, essas crianças irão crescer marginalizadas, sem estrutura, quando a mãe não resolve os abandoná-los em vida... o que é pior. Será que essas crianças tem que pagar por uma série de fatores ruins, que descaracterizaram essa vinda abençoada ao mundo?

Será que só as mães que tem fetos que estão diagnosticados com microcefalia que podem abortar, mesmo?

Pensar nesse fator não é algo minúsculo, quando temos um problema maior? 

Será mesmo que o aborto deveria ser ilegal?
Quantas mães e filhos, marginalizados, encontramos devido a condições básicas, a falta de apoio familiar, governamental e da sociedade em si. 

Quantas mulheres são violentadas e tem que gerar um filho, fruto dessa criminalidade...


Acredito, que se o aborto pode ser legalização para algumas exceções, ele devia ser legalizado definitivamente. 

O governo poderia parar de ficar embolsando nosso dinheiro e fazer programas educacionais melhores para conscientizar a importância de gerar um bebê, de pais mais responsáveis, de empregos e moradias melhores, de apoio social adequado. 

Claro que o aborto não deve virar um "oba oba", acredito que as mulheres que querem se submeter a um aborto devem ser avaliadas em relação a sua história, as condições que vivem. Deve passar por uma triagem para avaliar a real necessidade do aborto. 
E, quando, avaliada ter serviços médicos de qualidade que assegurem que o aborto será devidamente realizado, com profissionalismo, higiene, em um lugar que tenha recursos disponíveis para o ato. 

Bem, como eu disse esse é meu ponto de vista. Não quero gerar discussões, nem causar mal estar a ninguém. Mas, o aborto deve, sim ser analisado e considerado na sociedade, atual, em que vivemos.






Fontes usadas:

BELTRAME, Beatriz. Entenda o que é Microcefalia e quais são as consequencias para o bebê. Disponível em: <http://www.tuasaude.com/microcefalia/>. Acesso em: 12 fev. 2016.
REDAÇÃO CENTRAL. Dom Odilo: aborto de bebês com microcefalia é eugenia. 05 Fev. 16. Disponível em: <http://www.acidigital.com/noticias/dom-odilo-aborto-de-bebes-com-microcefalia-e-eugenia-88996/>. Acesso em: 12 fev. 16.

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